Aluga-se!
Quem não se lembra da famosa canção onde Raul Seixas satiriza a
nação afirmando que a solução seria a locação da pátria? “Nós não vamos pagar
nada é tudo Free, tá na hora!”
Lendo os jornais da cidade este final de semana não pude deixar de
pensar nessa canção... Estampada a manchete em informativo local de que em Juiz
de Fora serão “licitados os pontos ocupados pelos vendedores informais” a
justificativa, inicialmente, seria a de que a idéia seria democratizar o uso
dos espaços, mas, ao final da reportagem me espantou uma informação que, devido
a relevância vou transliterar: “Quatro empresários (referindo-se o senhor
secretário da pasta, segundo o órgão que traz a matéria, à empresários do ramo
de Food Truck) já me procuraram pedindo autorização para ocupar as ruas, em um
investimento da ordem dos R$ 200 mil”.
Aí bateu em mim uma dúvida, que se estende à muitos outros setores
da cidade. Ao falarmos em democratização (o que pressupõe isonomia) damos –
enquanto cidadãos detentores do poder, conforme determina a Constituição
Federal – as mesmas oportunidades à todos? Será que o comerciante informal está
em condições de competir de maneira igual com os referidos empresários no
processo licitatório?
Será que a solução é Alugar JF? Não afirmo que a proposta de Lei
que a SAL (Secretaria de Atividades Urbanas) pretende apresentar ao chefe do
Executivo seja boa ou ruim, nem a censuro, em um primeiro momento. Só fico a
questionar se uma administração mais eficaz e coerente (não seria essa a função
do legislativo?) poderia impedir alguns fatores complicadores e possibilitar
uma qualidade de vida melhor para os cidadãos, em todos os níveis, impedindo
ações mais drásticas que acabam por se tornar necessárias em determinados
momentos.
Vale lembrar ainda que estamos em ano político, e que empresários
sempre interferem, de forma indireta, no processo eleitoral, através de sua
influência, e que isso não pode ser desprezado, como pano de fundo de qualquer
que seja a atividade, neste momento.
Enfim, fica a reflexão...
“Negócio
bom assim ninguém nunca viu... Tá tudo pronto aqui é só vir pegar...”
“Vamos embora dar lugar pros gringos entrar”
Interesses monetários movem está questão ao meu ver. Muitos ambulantes se não todos não tem um cnpj de qualquer tipo. Como participar de licitações assim? Quando o interesse é arrecadar mais impostos o pequeno vai sair prejudicado com quase toda certeza
ResponderExcluirInteresses monetários movem está questão ao meu ver. Muitos ambulantes se não todos não tem um cnpj de qualquer tipo. Como participar de licitações assim? Quando o interesse é arrecadar mais impostos o pequeno vai sair prejudicado com quase toda certeza
ResponderExcluirBoa colocação Felipe... Acho que há muito a ser aprofundado nas questões referentes à Administração Pública de Juiz de Fora... Enfim, estamos começando...
ExcluirAcredito que o ser humano se corrompe muito facil perante a facilidade de dinheiro ali proposto. Por isso o Brasil está em decadência, porque o nosso sistema aqui é corrupto
ResponderExcluirConcordo, Winglison. E pretendemos aqui, tentar agir para mudar essa realidade. É hora de começarmos a discussão que gerará transformação social. Forte abraço, meu amigo.
ResponderExcluirEis a questão:
ResponderExcluirO que de fato é, justiça x igualdade. Ter os mesmo direitos é justiça, perante a lei, porém não garante igualdade.
Brilhante comentário Gabriela. Quando a igualdade não é sinônimo de justiça, somente o Poder Público poderia intervir gerando chances iguais... Será q isso acontece em JF City? Fica a reflexão. Obrigado pela colaboração minha cara.
ExcluirÉ uma realidade em muitos municípios brasileiros. Não facilitam, e sequer se importam com a condição do mais fraco. É uma covardia sem tamanho. Precisamos de mais boa vontade do governo em situações como essa, que envolvem: dignidade, sobrevivência e luta diária.
ResponderExcluirMuito boa análise João. Precisamos, enquanto comunidade, ser mais atuantes para forçá-los a não agirem contra a confiança que neles depositamos, não acha?
ExcluirSim, meu caro ... As reivindicações começam nos bairros, nas associações de moradores ... A prefeitura e a câmara de vereadores também deve ser palco de discussões, com participação popular.
ResponderExcluirRecentemente, um prefeito de um município na Baixada Fluminense, mandou retirar a cartilha que fala sobre sexualidade para as crianças. Não teve consenso ... Apenas a opinião de um "líder", que foi apoiado por políticos de caráter duvidoso e de um grupo religioso. Isso deveria ser consultado, mas não foi.